sábado, 9 de novembro de 2013

Crónica de António Lobo Antunes- Visão

Perguntam-me muitas vezes por que motivo nunca falo do governo nestas crónicas e a pergunta surpreende-me sempre. Qual governo? É que não existe governo nenhum. Existe um bando de meninos, a quem os pais vestiram casaco como para um baptizado ou um casamento. Claro que as crianças lhes acrescentaram um pin na lapela, porque é giro
- Eh pá embora usar um pin?
que representa a bandeira nacional como podia representar o Rato Mickey
- Embora pôr o Rato Mickey?
mas um deles lembrou-se do Senhor Scolari que convenceu os portugueses a encherem tudo de bandeiras, sugeriu
- Mete-se antes a bandeira como o Obama
e, por estarem a brincar às pessoas crescidas e as play-stations virem da América, resolveram-se pela bandeirinha e aí andam, todos contentes, que engraçado, a mandarem na gente
- Agora mandamos em vocês durante quatro anos, está bem?
depois de prometerem que, no fim dos quatro anos, comem a sopa toda e estudam um bocadinho em lugar de verem os Simpsons. No meio dos meninos há um tio idoso, manifestamente diminuído, que as famílias dos meninos pediram que levassem com eles, a fim de não passar o tempo a maçar as pessoas nos bancos, de modo que o tio idoso, também de pin
- Ponha que é curtido, tio
para ali anda a fazer patetices e a dizer asneiras acerca de Angola, que os meninos acham divertidas e os adultos, os tontos, idiotas. Que mal faz? Isto é tudo a fazer de conta.
Esta criançada é curiosa. Ensinaram-me que as pessoas não devem ser criticadas pelos nomes ou pelo aspecto físico mas os meninos exageram, e eu não sei se os nomes que usam são verdadeiros: existe um Aguiar Branco e um Poiares Maduro. Porque não juntar-lhes um Colares Tinto ou um Mateus Rosé? É que tenho a impressão de estar num jogo de índios e menos vinho não lhes fazia mal. No lugar deles arranjava outros pseudónimos: Touro Sentado, Nuvem Vermelha, Cavalo Louco. Também é giro, também é americano, pá, e, sinceramente, tanto álcool no jardim escola preocupa-me. A ASAE devia andar de olho na venda de espirituosas a menores. Outra coisa que me preocupa é a ignorância da língua portuguesa nos colégios. Desconhecem o significado de palavras como irrevogável. Irrevogável até compreendo, uma coisa torcida, e a gente conhece o amor dos pequerruchos pelos termos difíceis, coitadinhos, não têm culpa, mas quando, na Assembleia, um deles declarou
- Não pretendo esconder nem ocultar apesar da palermice me enternecer alarmou-me um nadita, mau grado compreender que o termo sinónimo seja complicado para alminhas tão tenras. Espíritos tortuosos ou manifestamente mal formados insinuam, por pura maldade, que os garotos mentem muito, o que é injusto e cruel. Eles, por inevitável ingenuidade, não mentem nem faltam às promessas que fazem: temos de levar em conta a idade e o facto da estrutura mental não estar ainda formada, e entender que mudar constantemente de discurso, desdizer-se, aldrabar, não possui, na infância, um significado grave. A irrealidade faz parte dos cérebros em evolução e, com o tempo, hão-de tornar-se pessoas responsáveis: não podemos exigir-lhes que o sejam já, é necessário ser tolerante com os pequerruchos, afagá-los, perdoar-lhes. Merecem carinho, não crítica, uma festa na cabecinha do garoto que faz de primeiro-ministro, outra na menina que eles escolheram para as Finanças e por aí fora. Não é com dureza desnecessária e espírito exageradamente rígido que os educamos. No fundo limitam-se a obedecer a uns senhores estrangeiros, no fundo, tão amorosos, que mal fazem eles para além de empobrecerem a gente, tirarem-nos o emprego, estrangularem-nos, desrespeitarem-nos, trazerem-nos fominha, destruírem-nos? São miúdos queridos, cheios de boa vontade, qual o motivo de os não deixarmos estragar tudo à martelada? Somos demasiado severos com a infância, enervam-nos os impetuosos que correm no meio das mesas dos restaurantes, aos gritos, achamos que incomodam os clientes, a nossa impaciência é deslocada. Por trás deles há pessoas crescidas a orientarem-nos, a quem tentam agradar como podem à custa daqueles que não podem. Os portugueses, e é com mágoa que escrevo isto, têm sido injustos com a infância. Deixem-nos estragar, deixem-nos multiplicar argoladas, deixem-nos não falar verdade: faz parte da aprendizagem das mulheres e homens de amanhã. Sigam o exemplo do Senhor Presidente da República que paternalmente os protege, não do senhor Ex-Presidente da República, Mário Soares, que de forma tão violenta os ataca e, se vos sobrar algum dinheiro, carreguem-lhes os telemóveis para eles falarem uns com os outros acerca da melhor forma de nos deixarem de tanga. Qual o problema se há tanto sol neste País, mesmo que não esteja lá muito certo de o não haverem oferecido aos alemães? E, de pin no casaco que nos fanaram, isto é, de pin cravado na pele (ao princípio dói um bocadinho, a seguir passa) encorajemos estes minúsculos heróis com um beijinho, cheio de ternura, nas testazitas inocentes."

 António Lobo Antunes

Sabes que estás à tempo de mais numa cidade quando

- o empregado do café sabe o teu nome e oferece-te cafés;
- és abordada na rua para te pedirem informações...e já as sabes dar;
...

Isto é assustador para uma "emigrante" que deseja depressa voltar a casa!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Opiniões

Está toda a gente revoltada e a comentar a entrevista e os comentários da Margarida Rebelo Pinto. Não ouvi a entrevista e tenho apenas lido comentários e opiniões quer nas redes sociais quer em vários blogs. Há ainda quem faça disto tudo uma comédia.
No meio disto tudo não sei e confesso que nem tenho vontade nenhuma de ver a entrevista da senhora. Isto porque não me interessa o que ela pensa, e nem acho que seja algo com o que perder tempo.
Mas o que me deixa mesmo indignada são os comentários que toda a gente faz a isto. Sim porque vivemos num país dito democrático e com liberdade de expressão (ainda... já estivemos mais longe de a perder!), mas quando alguém, seja ele quem for, que abra a boca para dar a sua opinião que por acaso é contrária à maioria dos Portugueses, cai o carmo e a trindade. 
Todos nós temos direito a ter os nossos ideais e ideias, todos nós temos cabeça para pensar por nós, certo? Se assim é porque é que não conseguimos respeitar o que os outros pensam? Esta gente não tem mais nada para fazer na vida, nem outras preocupações para além do que a Margarida ou o Manel têm como opinião?
Está na altura de sermos crescidinhos e respeitar o que os outros pensam e começar realmente a preocupar-nos com o que é mesmo importante!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Esta foto podia ser minha

Depois de quase 2 meses parada e sem ir ao ginásio, eis que o regresso com 15min a correr na passadeira me deixou completamente KO!
Estou num estado quase semelhante à Pamela Anderson (foto) depois de acabar a maratona de Nova Iorque (e eu só corri 15min) ...


Celtics

 
E para que esta reentre seja em grande vamos la comecar por ver os Celtics.
E verdade que andam a perder os jogos todos, mas o lado positivo disto e que o preco dos bilhetes baixa consideravelmente! E jogos da NBA sao sempre jogos da NBA, cheios de animacao e um grande espectaculo!

Estou de volta

Pois e, para grande pena minha estou de volta! Ossos do oficio ter de voltar para terras do tio Sam.
Venho de coracao cheio e com os dias contados apenas e so ate ao Natal. Embora seja apenas um mes e meio, para mim e quase uma eternidade. Nao que nao esteja bem e que nao seja bem tratada por aqui, mas porque as "minhas pessoas" e quem me faz bem esta longe.
Ate la e porque nao serve de nada andar para aqui a queixar-me, vou aproveitar estes ultimos tempos e acabar esta grande experiencia em grande, para quem sabe um dia voltar outra vez.